A minha mãe, uma mulher de lutas
A minha mãe, com 88 anos, ainda faz os seus bordados e trabalhos em tricot.
Além de cozinhar, lavar, engomar e todas as suas actividades de vida diária.
Faz tudo de uma forma autónoma.
Está a fazer um chachecol em tricot.
E perguntei-lhe:
- Ó mãe, para quem é esse cachecol?
- É para quando eu for velha, para usar quando tiver frio no pescoço - respondeu-me.
A minha mãezinha é daquelas pessoas muito rijas, física e mentalmente.
É uma guerreira.
Uma mulher de lutas.
Um exemplo de envelhecimento activo.
Ultrapassou um AVC em 2002, recuperou, e hoje é uma grande ajuda para todos.
Conta que quando tinha 16 anos, escreveu uma carta ao Salazar, para poder ir trabalhar nos barcos de cruzeiro.
Nunca teve resposta.
Tinha o desejo de sair da sua Ilha da Madeira, rumo a novos horizontes.
Foi trabalhar para a casa de uma irmã, que vivia em Lisboa, a ver se conseguia trabalhar nos barcos de cruzeiro.
Nunca conseguiu o seu sonho, não admitiam mulheres a bordo.
Foi uma activista na luta pelos direitos das mulheres, e para ela, nada era impossível.
Sempre trabalhou, numa altura em que as mulheres ficavam em casa, a cuidar dos filhos, ela atreveu-se a ir trabalhar.
Queria que tivéssemos uma vida digna, que estudássemos, que tirássemos um curso, e o salário que recebia, era para pagar a casa onde vivíamos.
Aprendi com ela, a lutar por tudo o que queremos.
Aprendi com ela, que os desafios tornam-nos mais fortes.
Aprendi com ela, a nunca desistir, a persistir.
Aprendi com ela, a ser forte e resistente.
Aprendi com ela, que temos de fazer tudo pela nossa família.
Obrigada MAMI, és o meu grande exemplo de fortaleza.
Amo-te!