Está a preparar-se para envelhecer?
Está a preparar-se para envelhecer?
Sei que a palavra envelhecer pode causar desconforto na maior parte das pessoas.
Afinal, palavras como envelhecer, envelhecimento, velhice, velho, leva-nos para imagens de decadência, doença, pele enrugada, corpo curvado, rabugice, e todas a conotações negativas que existem.
Basta aceder diariamente às redes sociais, e a imagem do velho é normalmente associada a episódios de negatividade, repulsa, e até mesmo de autocomiseração.
Ora esta forma de encarar a velhice, o envelhecimento e o velho, traduz-se amiúde em estereótipos, preconceitos ou discriminação, que por sua vez se transforma em idadismo (discriminação em função da idade) e em particular em velhismo (discriminação para com os mais velhos).
De uma forma geral, a velhice tanto é uma fase temida por aqueles que "ainda lá não chegaram" como uma fase "mal vivida" pelos que nela já se encontram.
A verdade é que o envelhecimento é a nossa “próxima morada”, a não ser que, por alguma razão, doença ou acidente, não passemos a esta fase da vida.
Porque não olhar para um idoso como um ser igual, mas mais velho, com sabedoria, experiência e que muito tem a oferecer?
Quando fiz minha formação na área do envelhecimento, uma das minhas maiores preocupações foi desmistificar a conotação negativa impostas aos mais velhos.
E este blog serve esse propósito.
E quando penso e imagino o envelhecer, vêm-me logo à mente personalidades que souberam envelhecer de uma forma que causa inveja a qualquer jovem ou adulto.
Penso logo na Jane Fonda, actriz, activista, uma senhora que dedicou toda a sua vida a imensas causas sociais e à área do fitness e que hoje na casa dos oitenta, é um exemplo de envelhecimento activo.
Penso logo em Diane Keaton, Meryl Streep, Tina Turner…..
E os nossos Eunice Munoz, Simone de Oliveira, Ruy de Carvalho, que apesar de estarem na casa dos 80 e 90 continuam a oferecer valor à sociedade e à cultura portuguesa.
E, a nível pessoal, penso nos meus pais, a iniciarem os 90, que “atravessaram” a 2ª guerra mundial, o salazarismo, o 25 de Abril e que continuam aqui, activos, independentes e que ainda ajudam as suas filhas, genros, netas, e bisneta.
O meu pai, que apesar de reformado, ainda continua a trabalhar, é massagista das camadas jovens do Club Sport Marítimo, no seu grande sonho: ajudar os outros a se sentirem bem.
E tantos outros, que não caberiam aqui neste post!
Então o que têm estes idosos em comum?
O que fizeram para hoje serem um exemplo de vida a seguir?
Preparam-se para envelhecer!!!
Nunca negaram o envelhecimento.
Souberam aproveitar todas as fases da vida, têm uma auto estima elevada, sempre foram valorizados profissional, familiar e socialmente e sabem que ainda podem contribuir e muito!
Têm um objectivo de vida!
Contribuir, ajudar, mostrar que ainda são capazes de grandes proezas!
Souberam cuidar-se física e psiquicamente para estarem nesta última etapa da vida ao seu melhor!
Tiveram e têm comportamentos e atitudes saudáveis ao longo da sua vida.
E não se preocupam com discriminações, estereótipos ou outras formas de diminuição.
Ao contrário, fazem questão de mostrar e provar que ser velho é muito gratificante.
Então como preparar-se para envelhecer?
Adotando, desde muito cedo, estilos de vida saudáveis.
Entre eles está a prática de atividade física regular, uma alimentação cuidada e equilibrada, não fumar, não beber em excesso, gostar de si, enfrentar os problemas como desafios e aprendizagem, controlar o stress e aceitar o envelhecimento como uma fase natural da vida.
Está a preparar-se para envelhecer?
Imagem AQUI
Bibliografia:
Nelson, T.D. (2005) Ageism: Prejudice against Our Feared Future Self. Journal of Social Issues, 61, 207-221.
Minois, G. (1999) História da Velhice no Ocidente, Torema: Lisboa