É um evento inevitável e ocorre entre os 45 e os 55 anos, altura em que o corpo feminino deixa gradualmente de produzir as hormonas sexuais, nomeadamente ao estrogénio, a progesterona e a testosterona.
À volta da menopausa existem mitos, medos e sintomas que importa conhecer e desmistificar pelo impacto que possa ter na vida das mulheres de forma a esclarecer e atenuar os seus efeitosnegativos.
As 3 fases da menopausa
Menopausa significa “última menstruação” e não o período após a última menstruação e todo o processo de alterações hormonais e sintomas que aparecem nesta altura nas mulheres, como é designado “erradamente”.
A menopausa compreende 3 fases distintas:
- Pré-menopausa: é toda a fase que antecede o último período, onde as menstruações mantêm-se regulares e não existem alterações significativas dos níveis hormonais. Podendo durar até 15 anos, este termo também é habitualmente utilizado para descrever a etapa imediatamente antes da peri menopausa.
- Peri menopausa: esta segunda etapa é aquela registada imediatamente antes e depois da última menstruação e aquela muitas vezes designada de menopausa apenas. No entanto, esta fase é também designada de “climatério” e é nesta altura que se registam as primeiras alterações hormonais. Embora ainda decorra a produção de estrogénio, a ovulação é menos regular, o que significa uma produção menor de progesterona, ou seja, os períodos passam a ser irregulares. Consequentemente, é durante a peri menopausa que as mulheres vivem intensamente os vários “efeitos secundários” associados à menopausa.
3. Pós-menopausa:tecnicamente esta fase inicia-se imediatamente depois da última menstruação, mas o termo é apenas aplicado um ano mais tarde, prazo necessário para confirmar efetivamente a menopausa. No entanto, engloba parte da peri menopausa e dos sintomas associados à mesma, até à consequente estabilização dos níveis hormonais. Por esta altura, o corpo feminino, através das células de gordura, produz apenas uma pequena quantidade de estrogénio que rapidamente se decompõe, convertendo a hormona masculina androstanodiona.
Sinais e Sintomas da Menopausa
Variando de mulher para mulher, a menopausa manifesta-se de diversas formas. Os principais sinais e sintomas da menopausa são os seguintes:
- Ondas de calor ou afrontamentos – é o sintoma mais comum da menopausa, ocorrendo em mais de 80% das mulheres. As ondas de calor são causadas pela redução da produção de estrogénio, o que provoca uma desregulação do termostato normal do corpo. Os afrontamentos iniciam-se na fase da pré-menopausa e costumam durar até 2 anos após a menopausa. Durante o climatério ou peri menopausa, costumam desaparecer, mas permanecem em cerca de 10% das mulheres, algumas até aos 70 anos. A pior fase das ondas de calor costuma ser no ano anterior à menopausa. Começam geralmente com uma súbita sensação de calor centralizado na parte superior do tórax e do rosto, mas que rapidamente se generaliza. A sensação de calor dura de dois a quatro minutos e é frequentemente associada a uma transpiração abundante e, ocasionalmente, palpitações. Também são comuns a ocorrência de calafrios, tremores e um sentimento de ansiedade. A frequência dos afrontamentos varia muito, desde apenas 1 ou 2 episódios por dia até dezenas de episódios ao longo das 24 horas. As ondas de calor são particularmente comuns à noite.
- Insónias – Os afrontamentos noturnos, como acima referido, são a mais importante causa de perturbação do sono no período peri menopausa. As insônias podem surgir até 7 anos antes da menopausa e costumam agravar-se no último ano da pré-menopausa. Mais comum em mulheres que sofram de ansiedade e depressão.
- Menstruação irregular ou cessação completa da menstruação – Alterações do período menstrual podem ocorrer mesmo antes da mulher entrar na fase pré-menopausa. Inicialmente as alterações são subtis e incluem mudanças na intensidade do fluxo menstrual e do encurtamento do ciclo, tornando mais óbvias estas alterações mais perto da menopausa. O ciclo menstrual passa a ser irregular e torna-se mais longo, podendo durar 40 a 50 dias, podendo ocorrer perdas durante o ciclo e o volume do fluxo menstrual altera-se (para mais ou para menos), tornando-se cada vez mais irregular até desaparecer por completo.
- Depressão – Mulheres na pré-menopausa têm 2 a 5 vezes mais hipóteses de entrar em depressão do que em outras fases da vida. O risco é maior naquelas que têm sintomas mais intensos na fase da pré-menopausa, principalmente ondas de calor, afrontamentos e distúrbios do sono. Acredita-se que a redução dos níveis de estrogénio, associada aos sintomas incómodos da pré-menopausa e ao fato da mulher reconhecer que já não é a mesma e que se aproxima a fase da velhice, perdendo a juventude que tanto deseja, levam a uma maior incidência de depressão nesta fase. Após o primeiro ano do climatério, o risco de depressão começa a diminuir.
- Ansiedade – a ansiedade durante a peri menopausa é provavelmente causada pela queda nos níveis de estrogénio libertado pelo organismo, o que reduz a produção de neurotransmissores responsáveis pela regulação do humor, como a serotonina e a dopamina.
- Alterações do humor – Pelos mesmos motivos da ansiedade, a flutuação dos níveis de estrogénio é responsável pelasalterações de humor das mulheres no período pré-menopausa. Durante o dia, poderá haver alterações de humor que vão de momentos de euforia, raiva, tristeza sem motivos aparente.
- Diminuição da libido e dificuldades nas relações sexuais (secura e prurido vaginais) – As alterações hormonais típicas da menopausa são as responsáveis pela redução da libido na mulher. Além disso, a própria secura vaginal pode tornar o ato sexual doloroso, o que, aliado a uma redução do fluxo de sangue para a região vaginal e vulvar pela deficiência de estrogênio, pode reduzir a capacidade da mulher de ter prazer com o sexo. O revestimento da vagina é composto por tecidos que dependem do estrogénio. A deficiência de estrogénio que ocorre na menopausa leva ao adelgaçamento do epitélio vaginal, resultando em atrofia da vagina (vaginite atrófica) e sintomas de secura vaginal, coceira e dor durante o ato sexual (chamada de dispareunia). A secura vaginal inicia-se na pré-menopausa, mas torna-se realmente evidente no climatério.
- Perda de memória – O estrogénio também parece ter um importante papel no funcionamento normal do cérebro feminino. Na peri menopausa, as mulheres podem começar a ter lapsos de memória de curto prazo (memória recente), tornando-se mais comum os esquecimentos triviais, tais como onde guardou a chaves, aniversários de amigos e datas de reuniões. Em geral, não é nada muito grave, mas em pessoas muito metódicas, pode tornar-se muito incómodo. Os lapsos de memória são mais comuns nas mulheres com depressão, stressadas ou muito cansadas.
- Dificuldade de concentração – Seguindo a mesma lógica do tópico anterior, as alterações dos níveis de estrogénio causam alterações na capacidade de concentração das mulheres na peri menopausa. Além disso, os outros sintomas da menopausa, como insónia, cansaço, ansiedade, afrontamentos, etc, também colaboram para uma menor capacidade de se concentrar nos estudos ou no trabalho.
- Dor nas articulações – A saúde das articulações, tendões, ligamentos e músculos também sofre com a queda dos níveis de estrogénio. Cerca de 60% das mulheres na pré-menopausa queixam-se de dores articulares. Mulheres obesas ou com sobrepeso são as que mais têm problemas. Ao contrário de vários sintomas da menopausa que desaparecem no climatério, as dores nas articulações costumam permanecer.
- Alterações na pele – A redução dos níveis de estrogénio está relacionada a uma queda na produção de colagénio, que é a substância que mantem a pele firme e com boa aparência. Portanto, quando a produção de colagénio é alterada, a pele fica mais fina, mais seca, mais descamativa e menos jovem. O ressecamento da pele pode provocar coceira, que nalguns casos, pode ser bastante incómoda.
- Queda de cabelo – A saúde do cabelo das mulheres também está intimamente ligada aos níveis de estrogênio e colagénio. Na peri menopausa, a mulher começa a notar que a qualidade do seu cabelo se altera, tornando-se mais seco, quebradiço e caindo com mais facilidade. Essa situação tende a agravar-se no climatério.
- Unhas fracas – Assim como a pele e o cabelo, a saúde das unhas também sofre com a redução dos níveis de estrogênio. Na peri menopausa, as unhas começam a ficar mais ressecadas e fracas, podendo quebrar-se com facilidade.
- Diminuição dos níveis de energia – O cansaço, a falta de energia e a pouca disposição para eventos do dia-a-dia também são extremamente comuns antes da menopausa. Eles ocorrem não só pelos desequilíbrios hormonais, mas também pelas alterações de humor e pelas insónias frequentes. Em geral, o cansaço melhora na fase do climatério.
- Aumento de peso – O metabolismo e a forma como o corpo armazena gordura alteram-se com a redução dos níveis de estrogénio. O gasto calórico basal do corpo diminui, fazendo com que seja mais fácil engordar com menos calorias. Além disso, o corpo passa a ter um padrão de acúmulo de gordura mais parecido com os homens, com mais deposição de gordura no abdómen e à volta da cintura. O tronco fica mais desproporcional em relação às ancas (maior).
- Seios sensíveis e inchados – Mastodinia é o termo usado para dor nos seios. Esse sintoma é muito comum nos primeiros anos da pré-menopausa, mas vai diminuindo conforme a menopausa se aproxima. Em geral, desaparece na fase do climatério.
- Dores de cabeça – Existe um tipo de enxaqueca que está relacionada ao período pré menstrual, ocorrendo de forma cíclica todos os meses, logo antes da menstruação acontecer. As mulheres que têm esse tipo de dor de cabeça podem notar um agravamento da mesma quando entram na pré-menopausa. Mesmo mulheres que nunca tiveram dor de cabeça relacionada à menstruação podem passar a tê-la na peri menopausa. Em geral, a enxaqueca começa até 7 anos antes da menopausa e vai se intensificando conforme o ciclo menstrual vai ficando cada vez mais irregular.
- Palpitações – Conforme a menopausa se aproxima, palpitações e sensação de batimentos cardíacos alterados vão se tornando comuns. Habitualmente, não há motivos para preocupação e as palpitações desaparecem no climatério. Pacientes ansiosas e com afrontamentos intensos podem ter palpitações com mais frequência.
- Infeção urinária – Assim como ocorre com a vagina, a uretra, canal que transporta a urina vinda da bexiga, é revestida por um tecido muito sensível ao estrogénio. Durante a pré-menopausa ela torna-se mais fina, ressecada, menos elástica e mais irritável, facilitando a invasão por bactérias. Algumas mulheres podem passar a ter infeção urinária de repetição a partir da menopausa, situação que pode ser contornada com a aplicação de estrogénio vaginal.
- Pelos faciais – Na peri menopausa a relação entre os níveis de estrogénio (hormona feminina) e androgénios (hormona masculina) alteram-se. Toda a mulher produz pequenas quantidades de androgénio durante a vida, cujos efeitos são bloqueados pelo estrogénio. Conforme a menopausa se aproxima, os níveis de estrogénio diminuem e os de androgénio aumentam. Este aumento da hormona masculina (androgénio) pode provocar o aparecimento de pelos na face da mulher, principalmente no queixo. Além do queixo, novos pelos também podem surgir na região do buço, nas bochechas e até no peito e no abdómen.
- Desequilíbrio e tonturas – Episódios súbitos de tonturas e perda de equilíbrio costumam tornar-se mais frequentes na peri menopausa. As causas ainda não estão bem esclarecidas, mas, como todos os sintomas da menopausa, há um importante componente da falta de estrogénio.
- Retenção de líquidos – Uma sensação de barriga inchada ou distendida é comum no período peri menopausa. Mulheres que já apresentavam este sintoma durante a sua menstruação costumam ser as que mais sofrem nesta fase. Acredita-se que a redução do estrogénio altera a forma com o corpo digere a gordura da alimentação, fazendo com que haja maior produção de gases, o que seria o responsável pela sensação de barriga inchada.
Como tratar os sintomas?
Todas as mulheres que estejam ou pensam estar na fase da menopausa devem ser seguidas por um médico ginecologista.
Existem vários tratamentos hormonais, bem como diversas terapias alternativas que só o seu médico, tendo em conta o seu caso clínico específico, pode aconselhar e receitar.
Normalmente os sintomas tratam-se restituindo os níveis de estrogénios a números semelhantes aos da pré-menopausa.
Os principais objetivos da terapia de reposição de estrogénios são os seguintes:
- Aliviar sintomas como os afrontamentos, a secura vaginal e as perturbações urinárias;
- Prevenir o aparecimento da osteoporose;
- Prevenir a arteriosclerose e as doenças das artérias coronárias.
Os estrogénios apresentam-se em forma não sintética (natural) ou sintética (produzida em laboratório).
Os estrogénios sintéticos são cem vezes mais potentes que os naturais e, por consequência, não é recomendável a sua administração a mulheres menopáusicas, uma vez que com doses muito baixas de estrogénios naturais já se evitam os afrontamentos e a osteoporose.
Por outro lado, as doses muito altas podem provocar problemas, como um aumento na tendência para sofrer de enxaquecas.
Os estrogénios são administrados sob a forma de comprimidos ou de bandas adesivas cutâneas (estrogénios transdérmicos).
Também podem ser aplicados na vagina em forma de creme quando as razões principais para o seu uso são evitar o adelgaçamento da superfície da parede vaginal (o que reduz o risco de infeções urinárias e de incontinência) e a dor durante o coito.
Parte dos estrogénios administrados são absorvidos e passam para o sangue, sobretudo à medida que o revestimento vaginal melhora.
Devido ao facto de os estrogénios provocarem efeitos secundários e implicarem riscos a longo prazo, a par de vantagens, a mulher e o seu médico devem avaliar as vantagens e as desvantagens antes de decidir a administração de uma terapia de reposição de estrogénios.
Os efeitos secundários incluem náuseas, incómodo mamário, dor de cabeça e mudanças de estado do espírito.
A par disso, existem várias outras recomendações ligadas ao regime alimentar e de exercício físico que pode e deve seguir para atenuar os efeitos desagradáveis da menopausa e poder continuar a viver a sua vida em pleno.
Mas não se pense que a menopausa são só coisas más e que a partir desta altura a vida da mulher acabou.
Não. Nada disso!
E como em tudo, existe a parte boa. Por exemplo, não existe risco de engravidar, logo as relações sexuais podem tornar-se mais livres e espontâneas.
É geralmente na altura da menopausa que os filhos estão crescidos, já saíram de casa e não necessitam da nossa atenção como quando eram crianças.
Logo temos mais tempo livre para pensar em nós, fazermos aquilo que não conseguimos fazer antes, como uma actividade física regular, um hobby deixado para trás, um sonho por seguir, uma formação etc.
É a altura ideal para voltar a sair com amigos, um cinema, um jantar, um café.
Os dias de folga podem ser prazerosos, porque não temos a rotina com os filhos pequenos e a casa pode ficar para mais tarde.
Enfim, pode ser aquela altura na vida da mulher que os projectos saem da gaveta.
Portanto, cuide da sua alimentação, da sua saúde física, mental e social para viver esta fase bastante fantástica.
Aliás, e citando a célebre Oprah Winfrey: “a menopausa já não é o que era!”.
Um abraço
Luísa de Sousa